domingo, 31 de dezembro de 2017

2018...“Fazei tudo aquilo que eles vos pedir”

Tantas palavras podiam ser usadas para descrever o ano que agora encerra. No entanto, a apenas gratidão é adjetivo que encontro para me despedir de 2017.

Foi ano da mudança, do colocar-me rumo a uma causa maior, do caminho do uso da sabedoria que acredito que foi dotado e que existe em cada um de vós. Foi o ano das surpresas, das oportunidades, dos desafios e dos desapegos (pessoas, contextos, pensamentos...).

Foi também o ano do efectivo, acredito, encontro com Deus. “Deus é amor, nada há a temer”, foi esta a expressão que ouvi nos cânticos entoadas nas orações Taizé. Foi então aí que comecei a compreender que no lugar do medo e da desconfiança pode existir amor, amor dentro de mim. “Fazei tudo aquilo que eles vos pedir”, uma mensagem que veio ter comigo quando entrei na igreja da Lapa. Ao ler, alguns arrepios surgiram e algumas lágrimas verteram. Quase como se tratasse de um momento de epifania e de um pedido vindo lá de longe, do céu, onde as estrelas brilham e a poeira cósmica existe.

Por isso, em 2018, mais do que objetivos materiais ou concretização de projectos, quero saber doar-me aos outros, como até então tenho vindo a fazer, mas agora com novos ingredientes, com alegria no na alma, fé no coração, brilho no olhar, amor nos gestos, elevação mental, desapego de emoções tóxicas e com firme convicção que estou a cumprir com os pedidos que alguém me pede. Que se cumpra e expresse através de mim, das várias formas que me surgirem no caminho, uma vontade maior.

Se podes ser exemplo de algo, então sê-lo com humildade, simplicidade e uma grandeza interior.


Bom Ano 2018!

domingo, 8 de outubro de 2017

Com alma, com calma... e contemplação do ser do coração!



Os sons, os ruídos, a agitação dos dias, as constantes vozes exteriores levam-nos para lugares que tantas vezes desejamos não ir; para emoções e sentimentos que brotam em desconforto, em implosões e gritos interiores; para os caminhos do precipício e da precipitação; para os "tens", para as obrigações, para os "deves". 

Voltas-te para o mundo lá fora, para os ecos dos outros, para as "infecções" nervosas e pensamentos contagiosos. Vais permitindo que eles te camuflem. E o ser que acredito que em todos nós existe, deixa de ser expresso em detrimento de um falso "ser". 

Humano que és, lentamente começas a colher os frutos de tais ritmos de pensamento e comportamento. Os campos físico e psicológico foram-te concedidos para que lhe dês uso de forma saudável; o teu corpo, diz a expressão, "é o teu templo". Por isso, usa e abusa dele com gratidão, com amor, com gentileza, carinho. Nele encontras a harmonia e os recursos que precisas para todas as tarefas do teu dia. Usa-o, com respeito e aceitação!

E, depois, há o teu seu ser... a tua alma (ou outro termo que prefiras usar. Sabes do que falo!)
O teu ser que habita dentro de ti, do teu corpo, da tua estrutura (óssea, musculatura, nervos...) e o teu maior aliado e com que podes viver, sempre. 
Algures, em ti, ele fala contigo... Deixa que ele cresça dentro de ti. Deixa que ele ta fale no silêncio que existe entre as pausas. Coloca uma pausa, de preferência várias, para que o possas ir escutando e, sobretudo, sentindo ao longo dos teus dias!

Sorri com ele e deixa-te que ele te faça sorrir só porque te apetece.
Deixa que a magia que existe nele se espalhe em todos os teus dias. E se não for nos dias, que seja nas horas. E se não for nas horas, que seja nos momentos.
É ele que te diz "confia" e vai... Vai, mesmo com hesitação, com medo, com desconforto. É ele que te faz vencer e avançar e, por vezes, parar! 
Encontra o teu ser no silêncio da vida e vai com calma, sem pressa, com confiança, com alegria e contemplação no ser que habita no coração!

domingo, 13 de agosto de 2017

Para ser grande, sê inteiro!



Esta expressão de Fernando Pessoa faz eco cá dentro. Grata por termos um autor com reflexões tão ricas.

Diariamente, uma enorme quantidade de frases inspiracionais aparecem-nos nas redes sociais, vídeos de motivação multiplicam-se, livros de desenvolvimento pessoal enchem as prateleiras das livrarias. Acredito que toda esta informação e todos estes recursos, de diferentes formas e exemplos, nos convidam e incentivam ao mesmo, a sermos inteiros!

Ser inteiro, uma expressão simples que contém tanta sabedoria e nos incita a um acto de verdadeira humildade e coragem. A de expormos a nu o eu, a mantermo-nos alinhados com os valores que consideramos importantes e nos orientam, a fazermos o que acreditamos ser o melhor para nós. Um eu que nos impele a afastar do rebanho e a seguirmos o caminho, talvez sozinho. Um eu que vive com alegria de sorrir sozinho no meio do nada e só porque lhe apetece. Um eu que tem a coragem de se mostrar disponível, de verdade, aberto às críticas dos outros e aos possíveis julgamentos. Um eu que fica feliz com as coisas simples, por exemplo apenas com o contemplar do céu e das árvores. Um eu que que se retira e se isola para silenciar as vozes exteriores e voltar-se para a ouvir a sua voz. Um eu que sabe que chorar é um acto de liberdade e coragem de mostrar vulnerabilidade. Um eu que mesmo sabendo que dói, sabe perdoar. Um eu que acredita, mais do que todos, mesmo não vendo. Um eu que vive ligado a algo superior a si. Um eu que obedece ao que a vida o convida! Um que vive sem medo de ser visto! Um que deixa que a sua luz brilhe!

Viver de forma inteira implica uma enorme querer ser melhor, todos os dias, o que quer que isto signifique para ti. Significa manteres-te ligado com o Coração do mundo! Em deambular pela vida de forma fluída, sem medo de sentir-mo-nos bem, especiais, grandes pelo facto de seres tu, genuinamente, por inteiro.


Se um dos grandes objetivos da vida é servirmos e inspirarmos, talvez a tua forma de ser, inteira, sirva a outro a também ele escolher viver da mesma forma que vives! 

domingo, 16 de abril de 2017

Uma reflexão sobre ti, vida...












A vida tem-me ensinado...

Que é preciso coragem...
Coragem para mudar,
Coragem para te colocares a caminhos dos teus sonhos,
Coragem para fazeres uso dos teus dons, talentos,
Coragem para abandonar a mediocridade,
Coragem para dizer não aos ruídos e ecos exteriores,
Coragem para te voltares para dento de ti,
Coragem para te desapegares do que não te enche e te rouba a alegria,
Coragem para viver e expressares os teus valores,
Coragem para persistires,
Coragem para sentires o fluir da vida,
Coragem para sentir o que é importante sentires,
Coragem para deixares que a vida entre dentro de ti, todos os dias, que ela está disponível para ti,
Coragem para te descobrires, para descobrires o que há ainda em ti a aperfeiçoar... 

e é também preciso a bela da humildade...
A humildade de dizer não,
A humildade de te deixares ser visto, mesmo com as imperfeições,
A humildade para nos respeitarmos,
A humildade para de perdoar,
A humildade de respeitares as diferenças do outro,
A humildade de não julgares ou criticares,
A humildade de assumir a responsabilidade dos teus erros,
A humildade de aceitar o que a vida tem preparado para ti,
A humildade de assumires que não sabes tudo e que queres aprender,
A humildade de escolheres o que te faz ser e estar feliz... com coragem!

E sei que existem ainda tantas coisas e descobertas que te esperam, que a vida tem reservado para ti. A cada dia, permite que a vida te surpreenda e te leve onde queres que ela te leve.


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

O desafio da humanidade… que comece em ti


O desafio da Humanidade e a intenção de tornar o mundo um lugar melhor começa em cada um de nós, bem no interior profundo, desde as vísceras. Implica percorrer o desafio de nos desapegarmos de máscaras, de farsas, de aparências e o desafio de nos enchermos de coragem e sermos capazes de Ser. Sermos o que estamos a destinados a Ser, em total liberdade.
Depois, acredito, podemos percorrer o caminho da humanidade, todos os dias, a todas as horas, dentro da nossa família, com os nossos pais, filhos(as), irmãos(ãs). Podemos também escolher esse caminho da humanização nos nossos trabalhos, com os nossos colegas, chefes…

O que implica este desafio, o da Humanidade?
Observo que é um desafio que implica a escolha de viver em liberdade, liberdade de Ser quem queremos e sabemos ser, tal como muitos que nos inspiram viveram. Implica viver de uma forma totalmente aberta para comigo e com o próximo; implica permanecer em silêncio quando a vontade é ripostar ou lutar por razão; implica viver de uma forma atenta a tudo a que nos acontece como uma benção e oportunidade de melhorarmos algo em nós; implica viver de forma totalmente despida de julgamento e atitude crítica.
O desafio da humanidade implica capacidade de detetar o belo nas aparentes insignificâncias e de olhar para além das aparências. Afinal, segundo o meu mapa, a grandeza do universo e de Deus está presente em tudo, nas coisas visíveis e invisíveis. Implica agir da forte crença da confiança de que tudo está bem, vai correr bem e no seu devido lugar, mesmo não vendo e não sendo possível tocar.
Implica um constante olhar de bondade sobre os que nos rodeiam. Implica sair de mim tantas vezes quanto possível e “calçar os sapatos do outro”, de sentir as suas dores, receios e, mesmo em alguns momentos não compreendendo, ter uma atitude de total compaixão. Implica permanecer viver a partir de um total estado de profundo amor, um amor que se manifesta, muito mais do que em pensamentos, em ações, gestos e comportamentos. Implica compreender que é preciso deixar as teias do pensamento do ter razão e da culpa. Implica um constante estado de vivermos presentemente alinhados com os valores do coração, da verdade. Implica compreender que a vida tem mais a ver com saber perder do que ganhar. Implica compreender que somos nem mais nem menos do que outros. Implica perceber que reside em nós a missão de salvarmos o outro e trazê-lo de volta para o lugar que lhe pertence, desde sempre. Talvez seja esta a missão que nos foi confiada, todos os dias.
Lanço sementes com a fé de as colher ou então que outro as possa colher por mim. Se o desafio da humanidade não fosse um desafio... então seria um não desafio e todos estamos dispostos a percorrê-lo.
Com coragem, desafia-te a praticar a humanidade contigo. O mundo, à tua volta, agradece-te, mesmo que de forma silenciosa, tal como Deus nos fala, em silêncio.

                                                                                                                                 

domingo, 13 de novembro de 2016

O que te (não) define


Não, não te define as palavras bonitas que dizem sobre ti,
Não, não te define as palavras menos bonitas, menos elegantes, feitas que dizem sobre ti;
Não, não te define os pensamentos gerados por ti acerca de ti;
Não, não de define os julgamentos que fazem de ti;
Não, não te define os julgamentos que fazem em relação a ti;
Não, não te define os julgamentos que fazes de ti:
Não, não de define as emoções;
Não, não te define a tristeza, nem a ansiedade, nem a angústia, nem a depressão, nem o choro, nem a insegurança, nem a auto-estima (muito ou pouca), nem muito menos o medo;
Não, não te define a tua altura, nem o peso, nem a cor dos olhos ou dos cabelos, das unhas;
Não, não te define se tens muitos ou poucas recursos materiais, financeiros, conhecimento, livros, informação, da marca de roupa, de carro;
Não, não te define o sucesso ou insucesso;
Não, não te define se foste bom ou mau aluno, bom ou mau filho; bom ou mau marido/mulher; bom ou mau pai/mãe;
Não, não te define os teus comportamentos;
Nada te define, nada.

Desapaga-te dessa tentativa constante de achares ou acreditares que precisas de conquistar algo para Seres alguém, para te definires.

Defini-te a forma de como te levantas perante cada queda; define-te a forma como lidas contigo; define-te a forma como comunicas contigo; a forma como te tratas e te respeitas e te amas. Porque a forma como te tratas é o reflexo da forma como tratas o próximo, o mundo. Define-te a forma como escolhes viver a tua vida, se a partir dos outros ou se a partir de ti, do centro do teu coração. Ecoam vozes no exterior na tentativa de, talvez, te impedirem de seres tu porque talvez te possam ver como uma ameaça ou uma luz; ou então na tentativa de manifestarem um também gostaria de seguir a bússola, tal como tu”.

Define-te a forma como te lideras e encorajas os teus próximos a liderarem-se, a forma como te encorajas e encorajas o mundo, a forma como te incentivas e incentivas o próximo; a forma como olhas, sentes e expressas a tua alma bem como a forma como rasgas a máscara do próximo e trespasses todos os medos, receios e tocas na sua alma.  

Define-te viveres simplesmente a Seres tu, a cada instante, a seres aquilo que queres ser, Agora, com Amor.

No apagar das luzes da vida, serás julgado(a) segundo a lei universal, o Amor.

domingo, 9 de outubro de 2016

Nada menos que a minha imperfeição!



Hoje, o meu voo interior levou-me a tocar num tema que me acompanhou e ainda aqui e acolá me acompanha, a perfeição.

Uma palavra que tanto assombra a vida de pessoas, que inunda os pensamentos, sem ser convidada, que desagua em gestos e comportamentos aflitivos.
Segundo o dicionário de Língua Portuguesa, perfeição significa acto de acabar ou aperfeiçoar alguma coisa; significa o grau de excelênciabondade ou beleza a que pode chegar alguma coisa.

Esta palavra começou a manifestar-se em mim de duas grandes formas. 
Uma através da perfeição exterior, da beleza, do ideal de corpo, da barriga lisa e tonificada, das pernas magras e elegantes, de uma cara sem qualquer imperfeição. Outra, através da perfeição nos resultados escolares. Obter as melhores notas, ser boa aluna, ser um exemplo, ser empenhada e dedicada, sem momentos para devaneios.

Ambas as estratégias, completas alucinações...

Deixei-me, deixei-me ser comprada pela mente coletiva.
Deixei-me, deixei-me ser domadas pelos estereótipos.
Deixei-me, deixei-me ser consumida pela obsessão de ser perfeita.
Deixei-me, deixei que tudo o que aconteceu na minha vida fosse nada menos que perfeito.

E nesse jogo da alucinação, deixei-me ser apagada.
Hoje, reparo na quantidade que ainda existe de pessoas alucinadas pela perfeição.

Acredito que, tal como eu vivi, vivam na angústia de se mostrarem; camuflam sentimentos, emoções; aniquilam-se; negam a vulnerabilidade inerente à condição humana.
Pergunto-te a ti, como questionei a mim, para quê viveres dessa forma em que foges de ti mesma e da tua essência? Para quê viveres nesse estado que consome de apegada à palavra perfeição?
De que te escondes? 
Talvez quem te rodeie precisa de um exemplo, um exemplo que podes ser tu. Alguém que se deixa ser visto(a) sem máscara. Alguém que, como tu, ouse dar o primeiro passo de mostrar a própria pele, de se expressar... 

Um dia vais morrer. Nesse dia, talvez te questiones se viveste a vida em total sintonia contigo ou se sobreviveste.
Talvez agora, durante o caminho, seja a oportunidade de olhares para ti, como olho para mim, e aceitares a imperfeição. A condição de imperfeição é transversal à condição humana.
Os media, a sociedade (da qual tu também a compões) criou a perfeição talvez como antídoto de se esconder e proteger. Questiono, proteger de quê? Não se trata de ti ou mim, trata-se de nós.
Enquanto não compreenderes que és tu quem tem de encher-se de confiança, coragem e humildade de aceitar que a imperfeição faz parte de todos e que tu és um reflexo no outro e o outro em ti, então de nada vale continuares a pensar que mereces viver uma vida melhor.

Encontra na imperfeição, tal como o próprio significado de perfeição refere, a oportunidade de ter ires aperfeiçoando. Abraça-a com carinho e recebe-a com um sorriso. 
E no caminho, deixa-te encantar e ser surpreendido. 
Nada menos que a melhor versão de ti. Sim, podes ser imperfeito.